UM ANO ESTÁ PRÓXIMO

 

Estaremos brevemente completando um ano de existência, apesar de todas as turbulências e uma pandemia infindável, mesmo assim, celebraremos esse momento extremamente importante. O cotidiano de todos nós sofreu mutações e o espectro autista, em tempos como esses, enfrentou os maiores desafios: fomos todos impelidos a nos adaptar a uma nova realidade no mundo do trabalho, o homeoffice; tivemos de lidar com a dinâmica familiar, por vezes, invasiva e que nos criava momentos de instabilidade; as nossas rotinas foram alteradas de súbito. Inúmeros outros fatores foram responsáveis por fazer dessas situações geradoras de conflitos emocionais e físicos.

É fato e plenamente conhecido o nosso despreparo para lidar com uma crise mundial de tamanha envergadura, que levou a muitas consequências psicossociais para toda a sociedade. Nós autistas habituados com uma rotina previamente estabelecida e rígida, o agora representa o instável, inesperado e imprevisível. Todos anseiam sem titubear o fim disso tudo. Queremos viver ou aprender novamente a conviver e deleitar-se com aquilo que gostamos.

Esse blog está caminhando, mesmo que lentamente, acredito que já tenha contribuído minimamente para muitos que fazem parte do espectro autista. Vale ressaltar que muitas famílias e autistas encontram obstáculos para acessar o tratamento adequado, em sua grande maioria devido a condições socioeconômicas. Assim, poder dar a essa comunidade tão marginalizada um suporte e apoio, já é o suficiente.

Há necessidade de se discutir e debater, junto com associações, organizações, políticos, profissionais da saúde, pesquisadores, autistas e familiares, a democratização das intervenções terapêuticas no Sistema Único de Saúde.  Muitos dentro do espectro passam toda a vida sem realmente descobrir quem são e acabam como resultado tendo percalços no desenvolvimento em geral, em especial nas relações interpessoais. Em um país com uma abissal desigualdade social, o acesso aos direitos básicos é negado. As lutas não devem se restringir somente a um dia internacional de conscientização. Precisamos de políticas públicas que promovam acessibilidade a programas de saúde mental envolvendo a população mais pobre.

Vitor Lucas



Comentários

  1. Precisamos falar e agir mais a despeito e para o autismo. Falar sobre estratégias direta e indireta de enfrentamento ao preconceito ainda existente; sobre as politicas publicas que não existem e das que precisam de endosso da população e de seus lideres; das ação que promovem desenvolvimento e qualidade de vida, não só para os abonados de recursos financeiros. Como indagaria Bertolt Brecht: "que tempos são estes, em que temos que defender o óbvio?" Por mais que o alcance desse blog *ainda* seja tímido, por um quase 1 ano, este se propôs ao objetivo que fora criado, ser voz ativa para aqueles que muitas vezes não são capazes de falar, nortear as famílias, ainda desorientadas a respeito dos caminho e possibilidade para seus filhos autistas, e claro... defender o obvio, uma vez que poucos o fazem e, a cada dia, tem sido mais necessário.

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    1. Muito obrigado, Elder Testi pelo seu comentário. A sua contribuição é necessária. Você deixa explícito o que ainda precisa ser feito e a necessidade de garantir a todos o acesso a saúde pública de qualidade.

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