Se relacionar ou ficar só? Eis a questão...

 

Todos devem concordar, em unanimidade, que construir um relacionamento é extremamente complicado. No caso de nós autistas, a jornada é ainda muito mais difícil, pois consome muita energia física e psíquica. Encontrar alguém com quem se possa compartilhar nossos sentimentos, ideias, emoções e sonhos, envolve toda uma gama de desafios que podem minar as nossas chances. Inclusive para os neurotípicos é uma tarefa que demanda também muita dedicação. Envolver-se amorosamente com uma pessoa requer abertura para o novo e a intimidade, você começa a ficar exposto ao outro.

No espectro autista um relacionamento quiçá poderia ser uma das maiores conquistas a se realizar. Claro que nem todos os autistas desejam se relacionar, devemos levar em consideração a diversidade dentro do próprio espectro. O que cria impedimentos na maioria dos casos é a escassez em habilidades sociais e sociossexuais. Isso compreende um conjunto de repertórios referente a comportamentos sociais utilizados no cotidiano nas situações que envolvem interpessoalidade. Todo relacionamento exige comunicação efetiva e clara, mas isso pode ser complexo e estressante.

Há hoje várias alternativas que podem facilitar a empreitada, uma delas são os famosos aplicativos de namoro. Mas em torno dessas ferramentas existe muitas controvérsias, no que tange a segurança, privacidade e veracidade das informações fornecidas pelos usuários. Creio que, no meu ponto de vista, a utilização dessas plataformas por autistas é relativo e demanda reflexão. Muitos podem não se adaptar as dinâmicas e as exigências desses espaços virtuais. Ademais, porque envolve a autoexposição.

Evoca-se a necessidade de desenvolver mais pesquisas no que diz respeito a sexualidade no transtorno do espectro autista. É direito de todos os autistas terem acesso às informações referente aos direitos sexuais, reprodutividade, preservativos, educação sexual e orientação sexual. Oferecendo, assim, referenciais para intervenções e auxiliando na promoção de qualidade de vida para essa população. Os relacionamentos fazem parte da vida de todos os grupos sociais, independente de qual sejam, basta apenas ser assegurado os caminhos para uma vivência plena e sadia.

Vitor Lucas



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