NOITE FELIZ, PARA QUEM?
Chegamos
no tempo em que as ditas boas-festas serão realizadas de forma diversa da
tradicional. Neste ano tudo será atípico em um quadro de pandemia. Creio que seria
importante propor uma discussão a partir ponto de vista do espectro, sobre
essas datas comemorativas: até que ponto a músicas natalinas, os encontros
familiares, os abraços, são também o nosso espaço de convivência? Principalmente
nas festas da virada do ano, período em que está presente as músicas altas, o
consumo excessivo de álcool e as grandes aglomerações em bares e praias.
Para
as crianças, jovens e adultos autistas, a época de boas-festas pode ser difícil
e cansativa, inclusive para aqueles que vivem uma condição mais complexa. Nem
sempre esse período do ano pode ser o melhor, seja devido aos estímulos sensoriais
ou a exigência de sociabilidade no ambiente familiar. Na grande maioria dos
casos, festas nem sempre são a melhor opção. No meu ponto de vista, devemos
questionar se as boas-festas é uma comemoração dotada de sentido para todos? A
noite nem é sempre feliz para todos os olhos.
Ademais
é preciso enfatizar o fato de que muitos pais arrastam os seus filhos, quando
menores de idade, para visitar parentes quase que desconhecidos. Isso para o
espectro autista é desgastante, transformando o que era para ser agradável em uma
situação que gera desconforto e frustração. Outro ponto a ser evidenciado, são
as famosas perguntas: “você está namorando? Está trabalhando? É uma grande
empresa?” Como consequência, surgem as comparações familiares.
No
presente momento estamos todos em quarentena, mas infelizmente é sabido que
muitos no espectro se encontram isolados e escondidos desde muito tempo, por
medo da exclusão e da violência. Somos todos diferentes, vivemos em um mundo
repleto da neurodiversidade. Não há apenas o indivíduo, único e universal. As
diferenças nos moldam como um diverso universo. Mesmo com os preconceitos e
estereótipos, somos capazes de muitas vitórias e podemos alcançar distâncias
inimagináveis. Podemos construir o mundo a nossa maneira, fazendo dele nosso
lugar. Por fim, que as boas-festas, em seu sentido verdadeiro e real, nos
lembre de valorizar a alteridade e a viver em comunidade, buscando constantemente compreender o
próximo.
Vitor Lucas
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