EM BUSCA DA PERFEIÇÃO

 

Você busca a perfeição e se considera suficientemente bom? Num mundo do excesso, da abundância, do produtivismo exacerbado, das redes sociais, a autocobrança se torna onipresente em nossas vidas. Buscando pela perfeição, todos almejamos sempre alcançar um nível de reconhecimento, para nos sentirmos importantes. Obviamente, essa busca incessante por um pouco de perfeição, pode com o tempo se tornar prejudicial e danoso. Nenhum ser humano foi constituído para ser perfeito. Através de suas falhas é que manifesta-se a sua singular humanidade. Na imperfeição mora as maravilhas. Somos impelidos, no contexto contemporâneo, governado pelos likes, a negar as nossas singularidades e aderir a manuais que pregam receitas para a felicidade, relacionamentos de sucesso, deixando de lado o imprevisível e simples.

Todos buscam reconhecimento. Para se obtê-lo, um dos principais meios é através da comunicação, ou seja, a transmissão de nossos feitos para outros que convivem a nossa volta. As pessoas somente podem saber quem somos, se nos apresentamos e fazemo-nos presentes. Nego aqui a necessidade de ser ter um talento para lidar com o público. Há aqueles que preferem ser reservados, terem seu espaço para pensar e refletir, mas se relacionam com o exterior quando necessário.

Digo, a partir de uma perspectiva particular, em relação ao espectro autista, sempre há a busca por atingir o ápice naquilo que mais possuímos fixação. Quando se trata do âmbito social, ocorre um esforço tamanho para tentar estabelecer o mínimo de comunicação com as pessoas. A conquista de amizades, sempre será uma empreitada que nos dedicaremos ao máximo, já que operamos com sinceridade e clareza. Não fingimos se importar com as pessoas e muito menos utilizamos demasiados filtros sociais. Assim, surge a autocobrança para que tudo seja agradável e perfeito, nunca podemos falhar, porque irão questionar o que somos e a forma como agimos.

É perceptível que conviver com o outro é desafiador e por vezes exigimos que as pessoas a nossa volta alcancem nossas expectativas, simplesmente para nos agradar.  Temos que ter claro que a antítese forma a síntese. Semelhanças não geram resultados algum. Dos conflitos nascem campos de flores. Paremos de ser hipócritas e exigir que as pessoas se adequem em determinados padrões. O ser humano deve ser aceito na sua particularidade e plenitude. E nós autistas não viemos para satisfazer ninguém, mas, sim e sem exceções, aproveitar e usufruir tudo a que temos direito e ocupar os espaços na sociedade.

Vitor Lucas



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