UM DESAFIO DO PRESENTE E FUTURO
Provavelmente você já deve ter visto o
documentário “O Dilema das Redes”, dirigido por Jeff Orlowski. Pois bem, um dos
dilemas que são enfrentados hoje, diz respeito a relação das pessoas com os
dispositivos eletrônicos e a internet. As redes sociais, no presente, exercem
papel preponderante nas novas configurações sociais que estão sendo tecidas,
colocando em xeque certezas até então estabelecidas. Mas, obviamente, aqui não
se trata de uma abordagem com o objetivo de exaltar o mundo virtual como um bem
promissor e inquestionável; muito menos colocá-lo no campo da inimizade – até
mesmo demonizando. Propõe-se como ponto de partida uma discussão frutífera, que
nos ofereça um caminho, levando a pensar na forma de utilização desses
instrumentos tecnológicos. Nos comunicamos, nesse momento, majoritariamente
através do aparelho celular. O contato físico, humano, está cada dia mais
escasso.
Atualmente, a quantidade de informação a qual
somos expostos é imensurável. Somos afetados diariamente pelos conglomerados de
mídia, as redes sociais, as notificações dos celulares. A metade do nosso tempo
é consumido no ambiente virtual. Constantemente reclamamos que o relógio opera
rápido demais, não deixando tempo de sobra. De fato, a internet promoveu
mudanças profundas em nossas concepções de espaço, temporalidade e velocidade.
A capacidade de contemplação, apreciação e reflexão, foram diluídas, dando
lugar ao fluxo imagético fragmentado, que impossibilita compreender melhor a
realidade. Os nossos corpos estão acoplados aos celulares, se tornando uma
extensão de nós mesmos.
Na
contemporaneidade, somos tomados pela indústria da fake news, colocando a
sociedade num limiar entre o caos e o equilíbrio. Parece que estamos a caminhar
para um futuro incerto, onde forças arbitrárias que se escondem nas redes
sociais e aparelhos eletrônicos, controlam-nos e ameaçam a nossa autonomia como
cidadãos, deixando os regimes democráticos em estado de tensão. Somos categorizados pelo termo “usuário”, coletam informações em relação aos nossos comportamentos, hábitos, laços
familiares, amizades, colocando-as à venda para grandes conglomerados
econômicos. A humanidade foi subsumida aos interesses financeiros neoliberais,
sendo transformada em mercadoria. Estamos diante de um impasse que nos questiona:
desejamos construir uma tecnologia que trabalhe somente para o avanço
tecnicista e mercadológico ou para a promoção e fortalecimento dos valores
humanitários?
Vitor Lucas
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