O AMOR NO ESPECTRO
Quando você teve o primeiro amor? Todos nós de
alguma forma ou de outra experimentamos esse sentimento estranho e confuso.
Como disse o imortal Camões, em um de seus sonetos: “Amor é um fogo que arde
sem se ver”. Variadas foram as tentativas feitas na literatura, na filosofia e
na psicologia, com a intenção de buscar uma explicação para esse fenômeno tão
humano e singular. Mas parece tão difícil e complexo encontrar uma resposta
exata que solucione essa equação com demasiadas incógnitas. E como seria o amor
no espectro autista? Como lidamos com isso em nossas vidas? Há todo um processo
que envolve o desenvolvimento de um amplo repertório de habilidades sociais,
para que possamos, assim, desbravar esse universo. Entretanto, viver os
próprios desejos, sentimentos, emoções, não é fácil. O amor é um privilégio.
Existe no senso comum uma concepção equivocada
de que nós autistas, em relação a sexualidade e a construção de
relacionamentos, que não nos importamos com isso. Em verdade, lidar com essa
questão envolve muito esforço físico e emocional, sendo assim, é melhor negar.
Como qualquer outra pessoa, temos nossas necessidades. A sociedade comumente
pensa que somos robôs e gênios natos, como dissera outras vezes. Porque sempre
à pessoa com deficiência é relegado um lugar de isolamento, abandono e solidão.
Temos direito, saibam bem todos, de ser amados e de amar. Todo ser humano, não
importando quem seja, precisa estar satisfeito e realizado além do aspecto
fisiológico e material. Muitas vezes os familiares que lidam com o espectro
autista, possuem uma visão deturpada, de “coitadismo”, inibindo a possibilidade
de qualquer desenvolvimento. Pessoas que são do espectro autista podem ser
independentes, autônomas, casar e construir uma família, igual aos neurotípicos.
Qualquer ser humano almeja ser feliz e sentir-se pleno.
Para quem
está dentro do espectro, lidar com as próprias emoções e sentimentos significa
ter de enfrentar todo um mundo desconhecido para nossos olhos. Dar início a
jornada de procurar um relacionamento, pode ser extremamente desafiador.
Ademais, é importante frisar que cabe aquele que está iniciando o
relacionamento com uma pessoa autista ou interessado, que a respeite,
compreenda e tente ser sensível, dando valor e amando incondicionalmente. Somos
capazes de dar muito carinho e atenção, desde que nos retribuam igual. Claro
que ficaremos ansiosos e nervosos com o início de um relacionamento, já que
tudo é muito novo e esperávamos por esse momento. Por mais que o amor continue
sem explicação, todos anseiam viver esse mistério.
Vitor Lucas
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