Por que "Ouse Saber"?

Em algum momento já refletiu sobre o significado de seu nome? Seja na hora de escolher um para o filho, animal de estimação ou objeto na qual possua afeição, raramente pensamos sobre as raízes do nome, no entanto há que se explicar as origens e, ademais, no presente caso, o conteúdo que aqui será produzido. Mas porque “Ouse Saber”? Qual a relação com a vida e as experiências de um autista adulto? Ouse Saber, da forma mais genérica possível e ilustrativa, é o ato de "tocar uma lâmpada". Em outras palavras: a superação de um momento presente vazio, escuro e desconhecido. Ouse Saber – sapere aude, em versão latina – foi usada por muitos filósofos na história, principalmente com um foco em mente: pensar para libertar. Sabe-se que no senso-comum, o autismo possui interpretações equivocadas e errôneas, carregando uma visão preconceituosa e estigmatizadora, por vezes, em situações específicas, sofre uma romantização. O intuito será livrar-nos dessas pré-concepções, para que se possa compreender com mais profundidade o Transtorno do Espectro Autista.

Nós autistas comumente temos resistência em aceitar novas experiências. Tudo que é novidade, fora de nossa rotina diária, rejeitamos e recusamos estabelecer contato. Vivemos no nosso mundo e tudo aquilo que acarreta mudanças, na maioria das vezes, adotaremos uma postura defensiva. Esse blog não surgiu de repente, mas é fruto de intervenções terapêuticas, que me propiciaram mecanismos para ir além das minhas vivências. A proposta de construir uma página online e nela registrar meus interesses, minha vida com o espectro autista, configura-se como um verdadeiro desafio. Quem nunca sentiu insegurança em relação ao inédito? Todos os caminhos intocados, causam receio. Mesmo assim, encontrar com o diferente pode ser uma grande oportunidade para descobrirmos a nós mesmos.

Gostaria de propor que você ouse saber mais! Pois bem, espero que neste blog haja muitas histórias, sonhos e incertezas para debate e discussão. Poderia ser qualquer nome, carregado dos típicos filantropismos, mas aqui queremos muito mais. Esse veículo de comunicação recebe um chamado, especialmente num momento em que o autismo vem sendo evidenciado nos principais meios televisivos e midiáticos. Entretanto, não se pode confiar em tudo que se vê. Uma moeda têm mais que dois lados. Assim, deve-se buscar entender os processos e desafios do cotidiano, acima de tudo, a partir dos olhos de seus protagonistas. Certamente essa é uma empreitada que trará à luz coisas ainda por desvendar.

Vitor Lucas